Diz um hit de nossa sofrida música pop, interpretado por cantor de talento inquestionável em medidas de bíceps, que a tábua dos Dez Mandamentos foi atualizada… e com sucesso.
Aliás, falei por alto dela na semana passada. Vejamos: para conquistar, seja um ideal, uma mulher, um homem, ou qualquer outro fim sem justificar os meios, uma versão diet que não engorda, não faz crescer e não compromete – até porque não tem a verdade como ingrediente- diz que basta ter “jeitinho” para alcançar os objetivos.
Concordo, pois Shakespeare já sabia e avisava que até o diabo pode citar as Escrituras quando isso lhe convém. Primeiro mandamento: olhos nos olhos! sem contudo deixar revelar a alma e suas intenções; técnica que não requer prática nem tão pouco habilidade, pois é inerente ao dom da falsidade e apenas os antipáticos podem ser sinceros em todos os quesitos.
Seguindo. No salão, tire pra dançar e derrube o avião sentindo seu perfume!…algo meio sem nexo, mas se está na Lei deixa quieto. Porém, não confundir perfume com essência; perfume vem no frasco e essência no palito. Depois de roladas as preliminares e os finalmentes, apenas diga, minta ou insinue que qualquer relacionamento, partindo de um simples aceno de mão, é Amor eterno.
Force o próximo a confirmar, pressionando qualquer tecla. Prometa amar eternamente. E por fim, a grande sacada que é a mola mestre da reforma oficial nas regras da conquista: DEIXE ELA(E) ESPERAR! Ou seja: compre, pague, use, devolva e resgate seu dinheiro de volta, com juros e juras… e tudo isso sem compromisso e com alto grau de diversão com o sentimento alheio.
A nova lei dos Dez Mandamentos foi decretada oficialmente e está sendo cumprida à risca. Qualquer protesto contrário será considerado ilegal. Moisés ficou no vácuo, e diz que foi Golpe! mas Issac Newton argumenta que, baseado em sua Lei, aquele mesma que enche os centros de cirurgia plástica, tudo cai! ou melhor, cresce pra baixo.
A Música não ficou pra trás nesta evolução e aderiu à idiossincrasia, porque não temos tempo a perder! como certamente não diria Renato. No máximo, apenas cinco meses… se for por uma causa nobre, como a de acampar na porta de bilheterias de shows de pichadores famosos.
E cabe à ela, ou ainda ao pobre músico, a triste tarefa de ser porta-voz das sandices que são os temas dos sucessos atuais.