” PAPO DE MÚSICO”…Música, vítima e algoz

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Na semana passada racionava eu sobre o aglomerado de pessoas que giram em torno de uma atração supostamente musical, já aprovada como “sucesso” pela opinião pública, nas festas dos Parques de Exposições. O triste retrato dos atuais shows de artistas de nosso interior, sempre todos tão iguais, uniformizadas em farda, melodia, timbre, letra, temática, timbragem e teor filosófico de letras banais e de insignificância extraordinária. Sabendo que o senso comum é nivelado por baixo, seu sabor, sua fragância, seu layout e sua beleza estão sujeitados cada vez mais ao gosto mediano. E o gosto mediano é aquele que sempre preza pelo que é fácil, rápido e instantâneo: o Miojo que não engorda mas também não faz crescer.

Mais uma voltinha por aí tocando na noite e mais uma triste conclusão; uma pá de cal a mais na sepultura da falecida MPB. Impressionou-me a desimportância que o artista conseguiu atingir! porque enquanto canta e toca não retém a atenção do público que anda de lá pra cá e de cá pra lá. Poucos estacionam na frente do palco onde no máximo requebram ou balançam o corpo ou o copo ao ritmo do baticum patético onde tudo é muito igual.
Só recebem aplausos e alguma atenção aqueles que, em sua carreira meteórica, estão no topo da cadeia. Concluí que a música será seu próprio algoz, será a vítima de si mesma! A banalização dos ídolos e de sua bagagem musical rala e vulgar está transformando Música em simples adereço… até porque nada inova, não existe mais compromisso com o desafio infinito e sublime de alcançar a beleza e a emoção, que é a sua essência. Compor melodias bonitas, incomuns, surpreendentes e agregar boas poesias à elas (a um exemplo perfeito da obra do mestre Cartola) deixou de ser a meta da pop music.
E isso também já não faz sentido algum pra quem ouve ou apenas escuta os tais sucessos.
Continuando nesse batido de lata, literalmente falando, a música dos nossos dias será futuramente seu próprio carrasco. Implacável e insensível! contagiada que será pela estupidez e brutalidade do que se faz agora com nome de “sertanejo”, rock, samba, “funk” e demais estilos.

Sua evolução de contramão irá fadá-la ao seu próprio fracasso, à sua extinção anunciada. Deixando de ser Arte e sendo apenas adereço de entretenimento, fica difícil imaginar sua sobrevivência, mesmo que para um público insensível. O próprio público está deixando-a em segundo ou terceiro plano… vai à festa pela atração do ajuntamento, e isso dá a ele o único critério com que analisa se “o show estava bom” ou não. Se vazio, ruim; se cheio, ótimo!

 

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