COLUNA ” PAPO DE MÚSICO” TRILHA SONORA DA VIDA

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nilson

 

Pela vida estressante que temos a maioria de nós, mereceríamos nas horas de lazer e repouso, uma trilha sonora melhor. Escrevi semana passada sobre a pressão que a mídia exerce nos lançamentos dos novos “ídolos” e “sucessos” no cenário da MPB.

Um amigo comentou que além dela, e exatamente por sua ação sufocante, o indivíduo é obrigado a aceitar o que se toca e o que todos ouvem! ou estará automaticamente excluído do pleno convívio social.

Perfeito. A trilha sonora de nossas vidas, o que ouvimos no dia a dia, resume-se no que de pior poderia existir como expressão musical. Confira na rua, na chuva, na fazenda ou no Google. Participar de um evento nos dias de hoje não é fácil porque o gosto mediano foi nivelado por baixo; exige bom humor e ainda estar em um dia de resignação ou má audição.

Isso em qualquer aglomerado de reconhecida atividade social, desde festa de casamento à quadrilha junina de escola. Infalivelmente, a trilha sonora conveniente, atual e descolada, é o funk e o sertanejo universitário, desconsiderando o fato de que talvez entre os presentes alguém tenha gosto musical. Se um homem verdadeiramente livre (aquele que sabe recusar um convite pra jantar sem apresentar uma desculpa) é praticamente impossível de existir nos moldes da etiqueta social, não há então a hipótese de um único ser humano ficar livre da exposição ao disparate dos sucessos.

Temos desde falso sertanejo a falso samba, falso rock a falso clássico… o que comprova que a falsificação de peças de reposição para aviões não é a mais rendosa, pior e a danosa das fraudes.

Uma olhada para os lados, comprova que sofisticamos na aparência e na beleza, mesmo sabendo que metade dela sai com água e sabão. Especializou-se a raça humana em maquiagem e palavrório, em sorrisos e selfies de alegria; e assim, a música também não tem conteúdo, apenas embalagem.

Nossos filhos, nossa linda juventude, nossa esperança, páginas de um livro bom do futuro de nossas vidas, não têm a opção de escolher o que ouvir; entrou no carro, na balada, no show ou atrás do trio elétrico, todos devem ter o mesmo “gosto”: ouvir o hino/lixo da “mudernagem”. E se não for “alegre e pra cima”, é tida como ruim (com exceção das duplas femininas que abraçaram o tema único de chorar e xingar homem); ou se não for o bordão repetido e conhecido, soa estranho.

O inédito, autoral, criativo e pessoal é careta. Em nome da moda, calam-se o bom gosto e o senso crítico. Mas gosto não se discute; se aprende. E deve ser ensinado, desenvolvido, passado adiante como legado de sabedoria, pelos pais, educadores e pelos próprios músicos.

 

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