” PAPO DE MÚSICO “…Todas as manhãs da música

em Cidade por

“Todas as Manhãs do Mundo” é um filme francês que retrata o drama pessoal e familiar de um camponês, músico talentosíssimo, na França do século 17. Mestre e compositor renomado com seu instrumento, a viola clássica de sete cordas, vive recluso em seu lar, fazendo apresentações apenas para poucos amigos íntimos, abatido com a perda de sua esposa a quem dedicava toda sua obra.

Pai de duas filhas já moças, refuga a maioria daqueles quem vêm até ele para estudar as técnicas e os segredos do seu instrumento. Mas um belo dia não tem como escapar de um aluno, já músico formado, que tocava na corte do rei. O talento do rapaz o impressiona e, contra sua vontade, o aceita, relutando pelo desgosto de ver sua arte apenas como objeto de entretenimento e diversão da elite. Em todas as aulas ele pergunta ao moço “- O que é música?”, e nunca obtém a resposta q deseja. Até q um dia, sua filha envolve-se com esse seu aluno, adoece grávida, perde o bebê e suicida-se.
A partir daí um drama maior toma sua face mais cruel; a dor do mestre e a dor do discípulo os une num mesmo objetivo. Ninguém melhor do que a ela, a dor, para nos livrar das vaidades fúteis. Empenham-se por levar música de verdade aos nobres e também ao povo, para ensiná-los a entender o sentimento de tocar, ouvir, compor e apreciar o lado belo e sublime da Arte.
Em “Todas as Manhãs de Nossas Vidas”, o filme que passou pela minha cabeça quando cheguei em casa às 5 da manhã de uma apresentação, questionei e lamentei a falta de oportunidade de crescermos como pessoas, enquanto músicos ou ouvintes… Até porque nosso passado está recheado de mestres da música, tal como o do filme, todos com gigantescas obras e lições.
Porém o tempo passa, anoitece e amanhece, e o que vemos é uma desistência de continuar pelo caminho da subida, do crescimento e do aprendizado do belo. O gosto popular, pela falta de incentivo e formação, pelo imediatismo e hedonismo que formam a filosofia da vida moderna, fechou os ouvidos para a música-arte e adotou as aberrações que o interesse comercial apregoa.
Nessas nossas manhãs, não vejo caminho de volta ou placa de retorno. A única saída seria a educação musical nas escolas, suscitando nos jovens o valor e a importância de se cultivar a boa música.
Como exemplo e não modelo vou deixar o link de algo que estraçalha todos os conceitos musicais do belo, do sensível, do sublime, do bom gosto e do aprendizado que a raça humana poderia ter adotado, já que “o Homem é um ser a caminho”… enfim, a forma vulgar e rasteira de dissertar o tema amor. Nada contra o artista em si; ele é mais um sortudo que a produção pegou pra explorar, investiu, enricou, e que a massa endeusou e consome por falta de opção socialmente aceitável em nosso mundo moderno.

Deixe um comentário

Your email address will not be published.

*