Polícia fala sobre prisão do pai de João Miguel e futuros desdobramentos das Investigações

em Destaques/Região por

Conforme haviam prometido, o chefe do 13º Departamento da Polícia Civil, Carlos Capistrano, e o integrante da Delegacia de Segurança Pública de Conselheiro Lafaiete, Daniel Gomes de Oliveira, concederam entrevista coletiva na manhã desta terça-feira (23/07), para esclarecer as circunstâncias da prisão de Mateus Henrique Leroy. Pai do pequeno João Miguel, Mateus foi preso em Salvador, para onde teria fugido com parte do dinheiro arrecadado pela campanha em favor do próprio filho, diagnosticado com AME (Atrofia Muscular Espinhal), uma doença grave cujo tratamento só é possível com a utilização do Spinraza, medicamento importado de custo altíssimo.

Frustrando a expectativa da imprensa, Mateus não foi apresentado aos jornalistas. Segundo o advogado que acaba de ser constituído para representar o suspeito, ele está muito assustado com a repercussão atingida pelo caso e preferiu não se manifestar. Porém, ao desembarcar na noite de ontem no hangar da Polícia Civil no aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, o pai de João Miguel fez rápidas declarações às emissoras de rádio e TV que registraram sua chegada. Ele negou que tivesse roubado o dinheiro depositado para o tratamento do filho e insinuou estar sendo vítima de extorsão. Mateus também negou que estivesse ostentando com o dinheiro doado, embora tenha sido encontrado pela polícia em um flat de luxo na capital baiana.

De acordo com o delegado Daniel Gomes de Oliveira, as investigações continuam em curso para saber onde foi parar o dinheiro depositado em favor do pequeno João Miguel nas contas administradas por Mateus Leroy: “Estamos tentando fazer o rastreamento dos valores para saber como e onde o dinheiro foi empregado. Portanto, muitas das perguntas feitas agora só poderão ser respondidas posteriormente. Realmente, é muito dinheiro para que não tenha sido feito algum investimento ou gasto na aquisição de coisas mais caras. Assim, o próximo passo da Polícia Civil é rastrear as contas em que tenham sido efetuadas transações ou que receberam depósitos por parte do suspeito e identificar de onde foram feitos os eventuais investimentos, até para determinar se será o caso de ele responder também por lavagem de dinheiro”.

Ainda de acordo com o chefe das investigações, todos os indícios apontam que Mateus Leroy agiu sozinho, sem a participação de ninguém da família e muito menos da mãe de João Miguel, Karine Rodrigues Avelino: “Como eu disse, existem contas bancárias de terceiros das quais ele fez transferências, mas ainda teremos de identificar quem são os titulares e chamar estas pessoas para prestar esclarecimentos a fim de avaliar se estão ou não envolvidas. Porém, em princípio, Mateus agiu sozinho”.

Para dimensionar a inconsequência dos atos cometidos por Mateus Leroy, o delegado Daniel Gomes salientou que a doença de João Miguel requer tratamento contínuo e, por enquanto, apenas as três primeiras doses do medicamento Spinraza foram adquiridas pelo governo de Minas em cumprimento a uma decisão liminar da Justiça, cujos efeitos podem ser derrubados a qualquer momento; desta forma, o dinheiro arrecadado junto à sociedade poderia ser necessário a qualquer instante para aquisição das doses futuras. Tanto o delegado de Conselheiro Lafaiete, como o chefe regional da Polícia Civil, Carlos Capistrano, apelaram para os bons sentimentos da população e pediram que as pessoas continuem contribuindo para campanhas de cunho humanitário, como é a de João Miguel: “Por isso é preciso dar continuidade à campanha, pois cada dose do medicamento custa em torno de 365 mil reais e é a única forma de o bebê ter sua vida prolongada com o mínimo possível de qualidade. O crime cometido pelo pai de João Miguel não pode gerar um descrédito nas campanhas sociais. Precisamos ter responsabilidade no trato deste caso a fim de que ele sirva de exemplo e tenhamos, no futuro, maior controle sobre outras campanhas sociais. É preciso que as pessoas continuem ajudando e tornando as próximas campanhas tão bem-sucedidas como tem sido a de João Miguel”.

Caberá às autoridades do sistema penitenciário decidir se Mateus Leroy aguardará a conclusão das investigações e o futuro julgamento em Conselheiro Lafaiete ou em outra unidade prisional do estado. Em princípio, o pai de João Miguel deve ser julgado por crime de estelionato, cuja pena varia de um a cinco anos de detenção, e abandono material, passível de pena de um a quatro anos. Conforme o rumo das investigações, ele pode, ainda, responder por lavagem de dinheiro e ser condenado a sentença que varia de três a 10 anos de prisão.

Fonte: Fato REal

Deixe um comentário

Your email address will not be published.

*