COLUNA ” TEMPO E PALAVRA ” CIDADES DA MINERAÇÃO DE MINAS GERAIS – O ESPAÇO URBANO

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CIDADES DA MINERAÇÃO DE MINAS GERAIS – O ESPAÇO URBANO

 

Antonio Carlos de Albuquerque

Participei de grupo de discussão sobre o espaço urbano nas cidades da mineração de Minas Gerais. Analisamos as cidades mineiras fundadas em 1711 e, portanto, comemorando 300 anos de existência: Mariana, Ouro Preto e Sabará. Eu creio que o assunto interessa aos diversos segmentos de público, pois nessas cidades mineiras vêm sendo adotados processos de longa duração na atividade mineradora, desde o século XVII (período colonial) até o século XXI (contemporaneidade).

A análise é longa. Para atender à nossa participação no CARANDAIONLINE será feita uma síntese a respeito da temática.

As cidades mineiras, além de Mariana, Ouro Preto e Sabará, incluindo Itabira, Nova Lima, Congonhas do Campo, Belo Vale, Itabirito e Barão de Cocais possuem o espaço da produção radicalmente separado do espaço da reprodução. Como podem essas espacialidades locais gerar desenvolvimento para as suas populações? Estamos diante de um grande paradoxo.

Os paradoxos permanecem nos fatos que ainda persistem. E as possibilidades?

Ora, o espaço é construído pelo modo de produção de um dado momento social. Na construção atual dessas localidades mineiras há visivelmente dois aspectos a serem considerados: – 1) Uma base econômica pré-capitalista, específica do período colonial, outra social e política, de origem feudal, permitindo a produção e a reprodução do coronelismo, ao longo do processo histórico, mas o poder político se sobressaía;- 2) uma base econômica de capitalismo global, com o surgimento da fragmentação das instituições social e política.

Os efeitos perturbadores em cada uma das localidades citadas se manifestam até na expressão estética para acomodar ao novíssimo processo de acumulação. Na atual condição em que os municípios brasileiros vivem, as cidades vão tendo a perda gradativa da capacidade de investimento em infra-estrutura, na saúde pública, na segurança, na criação de novas escolas, na conservação das vias de acesso e no planejamento urbano que se tornou uma atividade relegada ao segundo plano (as populações periféricas se expandem sem rumo e a prefeitura corre atrás tempos depois). Ou seja, a construção do espaço urbano torna-se uma atividade muito complexa.

Na perspectiva de socorro imediato, a União pode e deve compensar tais localidades pela poeira que restou com recursos financeiros que a elas retornariam para investimento público: os famosos royalties da mineração. Mas em nenhum governo, principalmente de 1994 até os dias atuais, se interessou pelo assunto. Aliás, não sei pelo que interessou!

O Estado nacional está corroído, a representação política sempre esteve voltada aos interesses patrimonialistas, ficando a visão de futuro do País e de sua Nação comprometida. De tal maneira que o Brasil não tem mais nenhum peso na tessitura de uma nova ordem econômica internacional que deveria possuir dentre as potências intermediárias. Esperamos que a nova representação política venha com mínimo de imaginação utópica, pelas eleições de 7 de outubro, para formular propostas e o Brasil readquirir expressão internacional, sem a qual o peso dos fatos e dos condicionamentos são será superado.

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