Candidata usuária de aparelho auditivo é retirada de sala durante prova do Enem em Lafaiete

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Constrangimento, perda de tempo, perda de concentração, prejuízo para concluir as provas. Estes foram alguns problemas relatados por Dea Desiré de Oliveira  após ter sido retirada duas vezes da sala 14 da Escola Municipal Professor Doriol Beato, em Lafaiete, onde realizava a prova do Enem no domingo 12/11.

Dea usa um aparelho auditivo, que teria levado os coordenadores a desconfiarem de que ela estaria usando um ponto eletrônico, proibido durante as provas do Enem.  Mas, para a candidata faltou habilidade para tratar a questão, já que no primeiro domingo de prova 05/11 ela fez as provas na mesma escola, na mesma sala, com a mesma chefe de sala, usando o mesmo aparelho, sem nenhum problema.

“No primeiro domingo eu fui e fiz a prova sem problema nenhum. Com o aparelho. Até fui de cabelo preso, pois sei que é norma do Enem. Só que neste domingo, fui chamada pela coordenadora e fui informada que havia sido pega no detector de metais na porta do banheiro. Eu a informei que não havia ido ao banheiro. Aí ela disse que na verdade a aplicadora da prova tinha reparado que eu estava com um aparelho estranho no ouvido e chamado a coordenação. E eu informei que uso um aparelho de audição, desde outubro desse ano. Um dos coordenadores começou então a fazer questionamentos de maneira mais ríspida. Inclusive chegou a questionar se eu li o edital. Só que no edital não consta nada sobre aparelho de audição, consta sobre aparelho de envio e recebimento de voz, vídeos, fotos, etc. O aparelho em questão eu uso direto, porque fiz uma colesteatomia (retirada de tumor) no ouvido direito.

Polícia

A candidata diz que foi retirada da sala por duas vezes. “Na primeira fiquei no corredor onde me interrogaram. A desconfiança dos coordenadores do Enem era que eu estaria usando um ponto. A coordenadora então solicitou que retirasse o aparelho, tirou fotos e me liberou para voltar para a sala. Eu voltei totalmente desequilibrada”

Segundo relato de Dea Desiré ao Fato Real, passado mais um tempo de prova, a coordenadora voltou à sala onde ela estava chamando-a pela segunda vez. E ela foi levada para a sala de coordenação, onde já estavam presentes dois policiais e algumas outras pessoas, entre elas a coordenadora do Enem na cidade de Lafaiete. Foram feitos vários questionamentos e o aparelho foi fotografado e colocado em um saco plástico e devolvido à dona. “Os coordenadores entraram em contato com o Inep. Me senti muito constrangida com tudo. Não precisavam ter chamado a polícia antes de conversarem comigo. Eu estava muito constrangida chorando, temendo até ser presa e sair de lá algemada”, relatou.

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Aparelho usada pro candidata levantou suspeitas

Questionada porque não relatou no ato da inscrição que usava um aparelho auditivo, ela disse que não tinha como declarar porque na época ainda não o usava.

Após responder as perguntas, a candidata voltou para sala. “Mas, como eu estava muito nervosa, os ruídos aumentavam cada vez mais. O aparelho além de me ajudar a ouvir ele mascara os ruídos, que são uma das sequelas da cirurgia. Sem ele não consigo concentrar direito, e sinto tonteiras e até desmaios. A situação me deixou totalmente sem concentração. Terminei de fazer a prova e fui para casa, ler o edital e verificar a possibilidade de fazer alguma alteração na inscrição, como foi dito por um dos coordenadores”.

 

 

Boletim de Ocorrência

Após a prova, Dea Desiré  voltou na escola, já que  tinha sido informada que uma ata havia sido elaborada sobre o ocorrido, na tentativa de ter acesso ao documento. “Mas eles não quiseram me dar uma segunda via, disseram ser documento confidencial”. Com esta negativa, ela procurou a polícia e fez um boletim de ocorrências.

Com informações de Gina Costa

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