” PAPO DE MÚSICO”… Ao meu pai violeiro

em Cidade por

 

 

 

 

Ao meu pai violeiro (poema caipira)//

 

Saudoso pai, meu querido violeiro!/

Professor dos ponteados que eu mais o meu irmão/

copiava de suas mãos, assentados no terreiro!/

Hoje já vai muitos anos que não toca mais com nóis,/

mas seus fio e seus amigo ainda escuta a sua voz,/

cantando moda caipira pra acalmar as provação/

que a vida humilde e pobre nos trazia sem perdão…//

 

Hoje, pai violeiro, ando meio em desatino/

pois nossa moda da roça segue um estranho destino!/

Diz que é a tal evolução, das lei natural da vida…/

Mas bem que podia ser pra mió! bem mais pra riba então!/

e não jogando pro chão os valores do caboclo/

que o senhor sempre ensinou, dia a dia, pouco a pouco.//

 

Hoje em dia o nosso canto caipira chamaram de “sertanejo”…/

mas tomaram novos rumos, e de sertão nada vejo!/

Porque quem canta não sente,/

e parece incompetente até mesmo pra fazer/

um dueto peito aberto… voz de irmão não mais se vê!/

É o tal universitário… caipira quase ao contrário!/

pq não tem a pureza do dueto,/

da voz rasgada do peito e da viola o ponteado./

Segue só o que a moda dita: copeia, grava em fita/

e depois paga pra tocar nas rádio e TV…/

E com pouco a cantoria, sem pé, sem rabo, sem guia,/

vira moda de sucesso!/

mas até hoje, confesso, chego a confundir os toque!/

num sei se é fanqui ou se é roque!…/

Mal cantado eu sei que é!…//

 

Também não fala de fé e nem de amor verdadeiro;/

fala muito é de puteiro, bebedeira e curtição…/

Também precisava o senhor vê os cantor e seus cabelo!/

Esconjuro!/

Até parece uma alma que penada anda no escuro.//

 

E me vendo assim qual menino, sofrendo esse desatino,/

me disseram: “ – Caboclo, reza! pra seu pai pede um consolo!”/

Mas da bíblia eu sou leitor e não gosto desses rolo/

De incomodar quem descansa e da vida hoje é lembrança…/

Pro senhor, pai, eu só peço paz; /

só me apego à Virgem Mãe e incomodo só Deus pai./

Prefiro pedir pros vivos, aos amigos violeiro,/

o favor de partilhar a fala desse brejeiro!/

Passar adiante o poema desse desinquieto homem/

que não suporta a mentira que hoje cantam em nosso nome./////

Nilson Teodorico

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