COLUNA ” PAPO DE MÚSICO”…DESSES NOSSOS CARNAVAIS

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nilson

Esta coluna de música é, diante da nossa monocultura musical, um espaço de crítica. Pude sentir que é a minha voz e a de alguns outros músicos. Mas, nos novos tempos, ou a voz se cala ou seu dono terá problemas com a intolerância popular que a tudo tolera… menos a opinião de quem pensa e, logo, não deveria existir.

A crítica quase não tem mais espaço e porquê; o feio e o belo, o bem e o mal, não são mais conceitos aceitáveis e sequer têm definição, blindados pelas leis do fim do direito de escolha, do hedonismo e do menor esforço. Não se deve falar do erro; apenas do acerto.

Mas como não ando à cata de aplausos, seguidores ou likes, tendo minha vaidade sido vencida pelo cansaço de trinta anos de música, agradeço pelo espaço, corpo, tempo e algum modo de dizer não ao que faz de nossa música popular de massa o lixo da moda.

Dois fatos vividos me marcaram os festejos deste carnaval: O primeiro, nada de anormal: A cena banal de uma galera tomando cerveja com o porta-malas do carrão rebaixado aberto, ao som altíssimo de um dito funk, ostentando assim seu reconhecido status de jovens descolados, pouco se importando que na casa em frente havia um casal de vizinhos seus, idosos, que mereceriam no mínimo o respeito de não ter que aturar palavrões da poesia-putana-progressista.

O segundo, um causo interessante: Fui atendido no comércio por duas jovens balconistas de grande beleza e donaire que comentavam sobre como seria maravilhoso se pudesses assistir ao show de um tal “emissi Catraca”, Catra, sei lá… coisa tipo assim uma peça de trator. Como o assunto era supostamente musical, delicadamente perguntei se conheciam o trabalho autoral de um amigo talentoso de minha cidade.

Entreolharam-se, como se estivessem diante do último dos moicanos, e responderam com graça que s-s-sim, mas que achavam “o toque meio desanimado…” Entendido ficou, mas saí dali no estilo “com licença, foi engano”, não sei se escorregando, decompondo-me a níveis moleculares, amparado numa bengala entalhada de castão e ponteira de bronze, sentindo-me o antecessor do tiosukita da época pré-jurássica… E já caçando reserva no purgatório e aposentaria precoce por desistência e intolerância existencial. Mas, esforcei-me, arribei e iniciei um longo e tumultuado raciocínio sobre as condições e os critérios atuais para entender o gosto popular.

Primeiramente, levei em conta o estilo de vida ligeiro, estressante, indelicado e sedentário de saber: nele o padrão contemplativo do belo e do sutil não caberia! 0 X 1. Em segundo lugar, pesei o quanto nosso poder público semeia e divulga de arte e cultura ao povo: migalhas! se comparado ao que ele patrocina de modismo e diversão grosseira. 0 X 2! Em terceiro, o que os valores de tradições e culturas passadas ainda representam em nossos dias, o quanto significam aos jovens os mestres da MPB que deixaram o Brasil muito bem conhecido no exterior: nada! 0 X 3! Perdi, já é! reconheço. Resignado com as conclusões, ainda encontrei motivos para glorificar a Deus por, em sua infinita misericórdia, permitir o convívio harmonioso entre beleza e burrice. E feliz daquele que, por não ter Música na alma, aceita o conceito de que as canções atuais representam “o novo tempo, a cabeça da nova geração e um momento de mudanças”, e ainda inclina e presta vassalagem à diversidade do ridículo como a deusa do mundo contemporâneo.

1 Comments

  1. Ae meu cumpad Nilsowisk concordo plenamente contigo, eu acho que temos que conquistar e defender nosso espaço e nunca desistir de nossos sonhos agora é a nossa vez de mostrar como é bom a vida. …e como é bom acreditar em Deus. …Parabéns amigo que Deus o abençoe. ..

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